quinta-feira, fevereiro 07, 2008

A IGREJA COPTA NO EGIPTO

UMA HISTÓRIA GLORIOSA
A história da Igreja Copta é um cadastro de heróicos mártires. Como importante província do Império Romano, o Egipto atraiu toda a fúria da perseguição dos imperadores, principalmente de Diocleciano, na derradeira década do império pagão. Foi nesse começo do século IV que teve início o calendário copta, marcando a era dos mártires, muitos dos quais são celebrados no calendário romano e também no bizantino. Quem não ouviu falar do heróico martírio da Legião Tebana de Maximiano, escolhida para abafar uma rebelião na Gália e dizimada no solo suíço?
Além da marca do martírio, a Igreja Copta assinalou a história com a propagação do pensamento cristão. Em Alexandria floresceu a primeira Escola Catequética, como universidade de estudos filosóficos e teológicos de grandes mestres como Atanásio, Cirilo, Orígenes, Dídimo o Cego. Atanásio foi quem compôs o Credo, que é recitado na liturgia de todos os ritos. Dídimo o Cego, conhecia a Bíblia de cor. Cirilo é o teólogo da Encarnação do Verbo de Deus.
O MONAQUISMO
Se o Egito é um dom do Nilo, o monaquismo é um dom do Egipto e surgiu da necessidade de orar sempre, de meditar na palavra de Deus e guardar a vida cristã, longe do mal do mundo... Santo Antão é o primeiro eremita, cuja vida foi escrita por Santo Atanásio. Outro amigo de Santo Atanásio foi São Pacômio, o fundador da vida cenobítica ou comunitária, regida por uma Regra comum, tão importante que São Basílio a levou para o Oriente bizantino e Cesário, para o Ocidente católico. Foi esta a Regra que inspirou São Bento, o educador da Europa.
A LITURGIA: MISSA E SACRAMENTOS
Originada em uma sociedade monástica, a liturgia copta revela forte influência penitencial, monótona e austera, em contraste com a exuberância do ritual bizantino. Os rigorosos jejuns abrangem 210 dias no ano. O Ofício das horas impõe a recitação de muitos salmos. As cerimônias litúrgicas são acompanhadas de canto ao som de tambores, triângulos e uso de leques e bandeiras, que enchem de admiração o espectador ocidental. O baptismo é ministrado aos domingos, antes da missa, para que o baptizado possa receber a comunhão, e a acção distintiva deste sacramento são as inúmeras unções e imposição das mãos do sacerdote.
Para a celebração eucarística são usadas três anáforas ou orações eucarísticas: a de São Cirilo, primitiva liturgia alexandrina, trazida de Jerusalém pelos primeiros cristãos judeus e celebrada só no Domingo de Ramos; as outras duas são a de São Gregório Nazianzeno e a de São Basílio, sendo esta última idêntica à das demais igrejas orientais, porém enriquecida com elementos da cultura local. O matrimônio tem, além da coroação, várias unções e há rigorosas restrições ao divórcio.
A penitência, admitida tardiamente, é pouco praticada e dela está dispensado o clero; porém, existe, na celebração eucarística, a chamada confissão da incensação dos celebrantes e fiéis. A unção dos enfermos administra-se aos doentes e, como penitência, a pessoas que confessem estar em pecado. O ritual externo copta também tem certas notas islâmicas: os fiéis entram descalços no templo, sentam-se em tapetes; o celebrante entra descalço no santuário. As abluções e a circuncisão (opcional), são herança da antigüidade judaica.
IGREJA COPTA HOJE
A nota principal da Igreja Copta, hoje, é a da perseguição por amor da justiça: uma igreja sacrificada pelos imperadores romanos pagãos, pelos imperadores cristãos e pelos árabes, quando o Islamismo conquistou o Egipto. O martírio continuou até aos nossos dias. Em fins do século XX, os coptas têm sofrido forte opressão, tidos como estrangeiros em seu país, quando, na verdade, são os verdadeiros egípcios.
O diálogo com a Igreja Católica fez grande progresso após o Concílio Vaticano, graças ao espírito aberto do patriarca Shenuda III, que levou a religião para fora dos templos, tornando-a comunitária e social, com obras admiráveis, como o Instituto para os Cegos, de onde saem os cantores que desempenham importante papel na celebração litúrgica.
Outra grande obra foi o restabelecimento das diaconisas, um ministério que, embora não pertencendo ao sacramento da Ordem, não deixa de ser uma ordem sacramental. Existem hoje no Egipto várias igrejas cristãs com seus patriarcas: copta ortodoxo, copta católico, grego ortodoxo, melquita (católico). Hoje estas igrejas estão se unindo em busca da comunhão perfeita, porque, desunidas, estarão dobrando os joelhos diante dos não-cristãos.

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